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O Espírito Santo é um dom por excelência. E é ele que devemos aspirar com todas as
fibras do nosso ser: o doador, mais que os dons. Com Ele virão todos os dons, assim
como com a árvore temos os frutos, e com a roseira temos as rosas.
É de suma importância salientar a finalidade dos dons que o Espírito Santo nos
concede. Essa finalidade situa-nos dentro do grande mistério da comunhão dos
santos, dentro do espírito de fraternidade que a filiação divina exige, dentro dos
interesses de um único corpo, do qual fazemos parte: o Corpo Místico de Cristo.
Os dons são-nos concedidos para a construção, a edificação da comunidade cristã,
para o fortalecimento do indivíduo; para que cada um fique equipado para o serviço
de Deus e do próximo, ao qual Deus o chamou, e nas circunstâncias em que o
co1ocou. Por eles o indivíduo se aperfeiçoa.
Comparando: não é um tesouro de pedrarias que recebe para o seu uso e gozo
exclusivo, mas um adubo que deve ser partilhado. Esse adubo embelezará, sim, o seu
jardim interior: “Venha o meu amado ao seu jardim e saboreie os seus frutos
deliciosos” (Cantares 4,16); mas fortificará também a seara alheia, para que a messe
seja grande e abundante para Cristo.
Daí se depreende até que ponto chega o amor cristão, essa ordem de Cristo, de “nos
amarmos uns aos outros” (Jo 15,17), dever que São Paulo nos recorda: “Vós mesmos
aprendestes de Deus a amar-vos uns aos outros” (1 Tes 4,9). Nada é só para nós. Mas
é no dar; no partilhar que nos enriquecemos cada vez mais.
Em primeiro lugar, é preciso explicar quais e o que são esses dons do Espírito Santo
de que se trata aqui. Na sua primeira Carta aos Coríntios Paulo os enumera. Os
capítulos 12 a 14 falam claramente e é preciso lê-los com atenção.
Não nos referimos aos sete dons que acompanham o Divino Espírito sempre que nos
é dado, e que visam o fortalecimento e aperfeiçoamento de cada um. São esses
aqueles dons que aprendemos no nosso catecismo: sabedoria, entendimento,
fortaleza, ciência, conselho, piedade e temor de Deus.
Neste Seminário de Dons vamos falar dos nove dons enumerados por São Paulo e
que são chamados dons carismáticos.
Esses, embora visem simultaneamente o nosso aperfeiçoamento pessoal, são,
contudo, concedidos para a edificação do Corpo de Cristo, o bem geral da Igreja. ”
…que tudo se faça em vista da edificação!” (1 Cor 14,26).